Descendentes de italianos, tanto eu, quanto a Milene, sempre tivemos o sonho de viajar para a Itália.
Aproveitando a "desculpa" dos nossos 15 anos de casamento (23 anos juntos), resolvemos transformar o sonho em realidade. Nossa situação profissional e pessoal ajudaram em muito a decisão, com possibilidade financeira e as crianças já maiores, ficamos mais tranquilos em ficar alguns dias fora.
Inicialmente planejamos ficar uns 20 dias e aproveitar para conhecer Paris, mas depois mudamos de ideia. Como essa foi a nossa primeira viagem para a Europa, achamos que a Itália tinha que tomar toda nossa atenção. Também achamos que 15 dias longe das crias já seria o suficiente para os corujas.
Para fazer o roteiro levamos em consideração algumas coisas:
- Meu vô (Quinto Michele Antonio Giovanni Paladini) nasceu na Toscana, na cidade de Lucca (nome do nosso filho)
- A origem da família da Milene é da região de Trento
- Quando novo li um livro chamado Herculanum, que contava a história da tragédia da cidade, que foi engolida pela força do Vesúvio.
- Em breve vou fazer um roteiro de moto passando pelos Alpes (Alemanha, Suíça, Áustria e Itália)
- Algum trecho quero fazer de moto na Itália, e de moto italiana.
Saimos as 9h do dia 18 de junho de 2011, de casa para levar as crias para a casa dos avós. Beijinhos e abraços e já saímos para Floripa. Deixamos o carro no estacionamento da OAB e pegamos um taxi até o aeroporto.
O taxista "manezinho da ilha" figuraça veio nos contando a história de alguns pontos de Floripa, muito atencioso. Contou que a ponte Hercílio Luz foi inaugurada de forma bem interessante. Construíram uma réplica com cerca de 15 metros para que o Hercílio Luz pudesse inaugurar antes de falecer, pois estava muito debilitado, cabe averiguar a veracidade do fato hehe
Bom, já começamos a parte aérea com atrasos... o voo que sairia de SP as 13h45 atrasou 2h, chegamos em Guarulhos só as 17h.
Em SP outro chá de cadeira até as 23h quando decolamos até Milão IT, chegando as 14h30 horário local do dia 19/junho.
Obs: guardar mais dinheiro e comprar passagens na executiva, por que a econômica é F... 11 horas de voo na poltrona que reclina muito pouco, não é fácil. Fomos de TAM.
O café da manhã no avião foi sobrevoando a África (acho...) e depois passamos por cima do Mediterrâneo, com vista dos Alpes. Alguns trechos muito nevados.
O aeroporto de Milão (Malpensa) é muito bonito, grande demais. E a "gentileza" italiana já ficou evidente em alguns funcionários. Não é regra mas, chega a ser engraçado.
Novo atraso e o voo para Roma saiu as 20h30, acabamos pegando um lindo por do sol no percurso.
A ITÁLIA É LINDA !!! Vista de cima do avião é demais, surreal.
Chegando ao aeroporto de Fiumiccino (Leonardo da Vinci) fomos pegar o trem para a estação Roma Termini (central) e depois o metro até a Piazza Bologna. Toda a venda dos bilhetes são feitas em máquinas automáticas, onde se paga com cartão, dinheiro ou moedas diretamente. Muito simples de usar. No trem tem que estar atento pois depois de comprar o bilhete precisa validar ele em outro equipamento, antes de entrar no trem. Apesar de que li que pode ser feito depois dentro com o "comissário".
O trem é bem moderno e confortável. Ele não para em todas as estações, vai direto até a estação, sem escalas, pontual. Já o metro é bem mais simples, meio sujo, até demais. Nada como o metro de SP!!!
Da estação até o hotel são apenas 300m, rápido e tranquilo o trajeto.
Compramos uns salgados numa Cafeteria, deliciosos... depois cama, descansar !
20 de junho de 2011, acordamos mais cedo do que o programado, acho que ansiedade para ir conhecer ROMA.
Saímos as 8h e tomamos café numa "padaria" na rua em frente ao hotel. Panino com prosciuto e formaggio e um "cappucino", as aspas são por que foi um café com leite frio.
Pegamos o metro (muito tranquilo) e seguimos até o Coliseum. Tudo que falam não se compara em estra pessoalmente presente ali. É algo muito forte, te faz voltar no tempo e imaginar como era a vida daqueles que passavam por ali.
Roma é um museu a céu aberto, para onde se olha tem algo de séculos, quando não milênios.
Depois seguimos para o Palatino, Foro Romano, Capidoglio, Monumento Vittorio Manuele II, Mercato de Trajano.
Estava bastante quente, muita água... e muito se caminhou. As distâncias são grandes pois os monumentos são todos Colossais.
Almoçamos em um restaurante perto do Coliseo, muito simpatico. Comemos um panino de prosciuto com formaggio Brie e Rucola, e um Piato Primavera com frios, alcachofra etc, tudo muito bom. Ah, tomei uma cerveja italiana, bem gostosa.
Depois pegamos o metro e fomos "camelar" mais um monte. Piazza Spagna, Parlamento, Fontana de Trevi e Pantheon.
É muita gente, tem que se concentrar para abstrair a multidão e assim aproveitar o local e momento.
Depois seguimos até as termas de Caracalla, mas estava fechada na segunda (só abre até as 13h), então resolvemos voltar na quarta, já que no outro dia iríamos para o Vaticano.
Algumas percepções de uma marinheiro de primeira viagem na Europa:
O metro custa E2,00, barato. Tem o passe de E4,00 que vale para o dia todo.
Pode se comer muito bem se gastando muito pouco, mas também é fácil gastar um monte, depende do lugar que escolher. Comemos muito bem por E30,00 casal e num jantar foi E95,00, mas só o vinho foi E39,00 (Brunello de Montalcino).
Pouquíssimo se vê pedintes e cachorros de rua.
As ruas são em geral muito limpas.
Muitas motos, na maioria scooters, algumas naked e big trails, custom são raras.
Os carros na maioria são os mini (smart, pegeout 107, toyta mini, nissan mini, audi) tudo tem modelo pequeno para facilitar. Os carros e motos ficam a noite estacionados na rua, alguns em cima das calcadas, faixa dupla etc.
Italianos fumam demais
Italianas... ah as italianas... hehe
Muitos orientais e latinos (acho que pela língua parecida) e do oriente médio.
90% da cidade é turista...
Acho que exageramos, nos empolgamos e fizemos a programação dos três dias em dois. Quem manda sermos um casal objetivo ?!?! O resumo do dia hoje foi pés inchados e joelhos doendo muito... Mas... visitar a Basílica San Pietro exige suas penitências, não que eu precise, é claro hehe
Saímos novamente pelas 8h, tomamos um café em outra cafeteria e doceria aqui perto, e depois pegamos o metro lotado para chegar até a estação Ottaviano San Pietro. Dali andamos umas duas quadras até o Vaticano. Aproveitamos que ainda tinha sombra na fila do Museo Vaticano e fomos lá, acertadamente, por que na saída a fila era três vezes maior e lenta. Nós demoramos cerca de 10min somente na fila e para pegar as entradas, que custaram apenas E30,00.
Demoramos umas 2h para fazer um bom passeio pelo Museu, dando preferencia ao museu Egípcio, depois a Capela Sistina e outros corredores igualmente adornados, pintados e outros luxos. Muito ouro se vê ali... hum.
Dali fomos para a Piazza San Pietro, que claro me emocionou muito, afinal desde pequeno eu dizia que era a minha praça. É monumental, gigantesca, imponente. Entramos e visitamos a Basílica, que faltam adjetivos para expressar a "magnanimidade", chique né?!?!
Como a Milene estava com o joelho doendo muito, não pode subir até a cúpula, então fui sozinho, ou melhor, na companhia do Marcio e sua esposa Priscila, brasileiros de SP que encontramos na fila. Paguei os E7,00 que dá direito a metade do trajeto por elevador, depois mais 320 degraus, passando pela parte interna da cúpula, e depois mais acima a parte externa. É uma subida estreita, apertada, quente e íngreme, mas com vista total de toda a ROMA antiga e a nova, Demais!!!
Mortos de fome fomos comer num restaurante nas ruas ao lado do Vaticano, que achamos ser o barirro Trastevere, que realmente faz juz a fama do local. Atendidos por uma brasileira, alagoana que mora a 11 anos em Roma, comemos uma pizza 4 formaggio e uma pasta carbonnara, realmente "divinas".
Seguimos um belíssimo muro antigo, muito alto e imponente, que ainda estou pesquisando para saber o nome, dali até o Castel Sant'Angelo, outro monumento opulento e fascinante.
A sua estrutura foi iniciada em 139 pelo imperador Adriano como um mausoléu pessoal e familiar (Tumbas de Adriano). Depois sua função foi alterada, sendo utilizado como edifício militar. Nessa qualidade, passou a integrar a Muralha Aureliana em 403. Durante a época medieval esta foi a mais importante das fortalezas pertencentes aos Papas. Serviu também como prisão para muitos patriotas, na época dos movimentos de unificação da Itália ocorridos no século XIX.
As ruinas das Termas de Caracallas foi para mim um dos locais mais especiais que vi até agora. Um complexo arquitetônico muito grande e alto. Igual só a grandeza do Coliseo. Foi construída 212, com muita riqueza na decoração e obras de enfeite, claro que isso tudo na época, pouca coisa sobrou, basicamente a estrutura do prédio e pisos de mosaico.
Depois de descansar as pernas e tomar um banho fomos jantar em um bar restaurante aqui perto, de comida siciliana. A base de verduras. A única carne que tinha era mortadela frita.
Mudamos nossa programação, queremos o interior, chega de cidade grande. Como já visitamos todos os pontos programados no roteiro de Roma e até vários outros, vamos amanhã para Napoli. Já comprei os bilhetes do trem e vamos as 13h. Assim faremos um passeio mais tranquilo por lá.
Os italianos são magros, principalmente as mulheres, todas esguias. Isso chama a atenção. Achamos que pode ser pela alimentação, aqui não tem fast food, vimos um McDonalds jogado as traças.
O lugar mais sujo de Roma, são as escadarias de entrada do metro, muito sujas.
Os sorvetes são inacreditavelmente gostosos, puro sabor e com uma textura diferenciada.
Qualquer vinho é bom !!! Só estamos tomando vinho Nacional hehe
Como diria Roberto Carlos: São tantas as emoções !!!
Saímos de Roma pelas 10h, depois da Milene sair para fazer umas comprinhas básicas. Pegamos o metro até a estação Termini (central de Romal), ali tomamos o trem FrecciaRossa para Napoli. 300 km/h e nem parece... pegamos a primeira classe (pelo menos de trem né !!!) chegando Napoli. Na mesma estação pegamos um "trem" com downgrade completo, pois fizemos das 1h20 quase a metade de pé em um trem bem acabadinho. É a Circovesuviano que tem três linhas, uma delas a Sorrento com passagem por Ercolano e Pompeia. Igual ao metro, vai parando em todas as estações, umas 20 pelo trajeto.
Sorrento é outra coisa, uma nova Itália começa a surgir. O dialeto é diferente, os italianos mais grossos que nunca, são mais simples, mas muito mais legais.
Gosto mais dessa italia !!!
É um balneário, com muito comércio, mas no centro antigo se vê a riqueza que passou por aqui durante muitos séculos. As ruas são muito estreitas, mal passam dois carros lado a lado.
O golfo de Sorrento com o Vesúvio ao fundo é de tirar o folego, ainda mais com o por do sol que pegamos.
Trem bala Frecciarossa
300 km/h
Ótimos restaurantes com belos cardápios de peixes e frutos do mar. A sobremesa foi um gelatto italiano, que é algo divino.
Na praça ficamos de papo com um casal canadense de uns 60 anos que estão namorando, onde o Dimitri (iugoslavo, morando no Canadá) morou o Brasil por alguns anos (20 anos atras), mas fala bem o Português. Conversarmos em Português, inglês e italiano... uma algazarra hehe
Vesúvio
Golfo de Sorento
Acordamos cedo, tomamos um café especial no hotel fantástico que ficamos (Antiche Mura, 4 estrelas, luxo, internet, piscina, E100,00) que só tinha vaga para um dia, então pegamos um taxi (que cobrou E15,00 por 1km) e nos instalamos no Ascot Hotel, bem inferior aquele, mas agradável. Diferencial é que ele tem vista para o Golfo de Sorrento (E80,00). Depois pegamos o trem para passear.
24 de agosto de 79 A.C., na primeira hora da tarde o Vesúvio berrou e da boca do vulcão uma fumaça preta e lava desceu, deixando um rastro de morte e destruição e 7 metros de terra e pedras sobre Pompéia. Cerca de 10 mil morreram naquela dia, a população toda!
Conhecendo essa história, a visita que fizemos ao Vesúvio e a Pompéia foi de arrepiar.
Chegando na cidade de Pompeia pegamos um ônibus que leva até a cratera do Vesúvio. O mesmo fica a 1200m de altitude. O ponto final é 200m antes, aí tem que se andar muito, pois o caminho é de areia vulcânica e em forma de caracoles. Acho que uns 1000m de caminhada íngreme e pesada sob um sol forte, sem nuvem nenhuma. Tudo compensado ao se chegar na cratera.
A vista é soberba (palavra nova no blog, tá ficando difícil conseguir adjetivos). Além da cratera que tem cerca de 1,5 km de abertura o local permite se ver cerca de 260 graus de toda a região. Napoles, Erculano, Sorrento e Capri ficam "muito perto".
Esse passeio levou umas 3 horas. Dali seguimos para as Scavi de Pompei, Villa dei Misteri.
Nas ruinas a imaginação vai longe, parece que os moradores estão por toda a parte. Imagina a tragédia que aconteceu ali é triste. As fotos vão mostrar melhor do que eu escrever.
É muito grande a Villa, existem três itinerários a cumprir, um de 2h, um de 3,5h e outro completo de 6h. Como gostaríamos de ir a Capri ainda a tarde fizemos um roteiro de 2h30.
Chegamos em Sorrento as 16h e para nossa tristeza não dava mais para fazer o passeio de Capri incluido a Gruta Azurra, pois é só de manhã, por causa da maré. Paciência, não estava mesmo em nosso roteiro, seria mais um "plus".
A noite fomos jantar num restaurante muito bom, difícil dizer se o melhor, pois todos foram ótimos. Pedimos a entrada de presuntos e queijos, Peixe Espada grelhada e Penne ao molho de linguiça e presunto. Tomamos um Biabchi Lacryma de Christ Vesuviano !!!
Hoje o dia foi "orgasmático" ! (filhos, isso significa: MARAVILHOSO, ok?)
Essa Itália é mesmo surpreendente, cada região tem suas características, cultura, dialeto... cada curva uma surpresa!
Passamos pelas regiões: Nápoles e Campanha, Lácio e Umbria.
Pegamos o carro em Sorrento as 9h, um Lancia Ypslon, do grupo Fiat. 1.0 mas completo (ABS computador, ar, dir. hidráulica, air-bags). Rodamos 460km sob de um sol escaldante, novamente sem nuvens, 33 graus.
O dia teve três grandes atrações, além dos inúmeros castelos, cidades suspensas em penhascos, igrejas e torres.
Primeiro pegamos a Costa Amalfitana, algo inesquecível. Penhascos que encontram o mar. Cidades penduradas, desafiando a gravidade. Praias e portos. Destaque para Positano, Amalfi e Salerno (onde almoçamos).
Aí resolvemos fazer uma parada não programada, esse é o programa que foi programado, parar onde quiser, sem programação hehe
Entramos numa cidade chamada de Santa Maria Capua Vetere, e ali fomos conhecer o segundo maior anfiteatro da era romana, só atras do Coliseo. Duas coisas fantásticas ali: só tinha nós lá, então a sensação do local é muito real. Você pode andar em toda a estrutura, inclusive nas partes inferiores (infelizmente aqui estava bem sujinho... mas, não tirou o brilho). Muito grande e bem conservado, com os corredores e subterrâneos abertos. Show !!!
Como ficou meio tarde resolvemos dormir antes de Montepulciano, que era a ideia inicial, e resolvemos entrar em Orvieto. Grata surpresa! A cidade antiga fica dos muros, gigantescos. As ruas são exatamente o que vemos naqueles filmes da época medieval, igrejas e palácios e pequenas vias, vicolas e piazzas.
O Duomo é monumental, mas não conseguimos pegar ele aberto, então só vimos por fora. Demos um volta de carro e depois fomos procurar um hotel. Ficamos num hotel chamado Grand Albergo Reale, carinhosamente apelidado pela Milene de "hotel do medo" hehe
Quando entramos nos pareceu escuro, meio abandonado, assombrado... mas foi só primeira impressão, acho... E70,00, quarto limpo, grande, cama boa, vista maravilhosa para um palácio, banheiro grande e novo (só não tem box), sem ar condicionado (não precisa por que a noite é frio), sem frigobar (isso fez falta). Olha, para mim o mais legal até agora... sério, é um prédio de 800 anos, imagina quanta história passou por aqui. Estamos falando de pelo menos umas 20 gerações de vidas... Amo essa sensação de estar presenciando isso. A Milene curtiu também !
Só informando: viemos pela A1 (Napoli - Milão) a estrada principal. O pedágio é carinho, gastamos nos 460km de hoje E20,00. Se formos analisar pelo valor deles não é muito, mas convertendo é salgado. No entanto a pista é um tapete, e a velocidade é alta, apesar de ser 100 km/h o permitido, a velocidade usada é de 120 - 150 km/h por todos.
Dia sem internet.
Escurece as 21h30 e as 6h já está com sol. Se aproveita muito o tempo.
Gelatto, uma instituição italiana. É saborosíssimo, cremoso demais, puro sabor... realmente viciante como nos disseram. Não teve um dia que não acabamos tomando "alguns".
Não teve fantasma no hotel não, ok ?
Acordamos com muita preguiça hoje, acho que é a Toscana, esse ar de tranquilidade, clima agradável, belas paisagens... acordamos pelas 8h (normalmente temos acordado pelas 7h), no jardim do hotel tomamos a "prima colazione" (café da manhã).
Saímos de Orvieto, com dó pois nos apaixonamos pela cidade e seguimos em direção a Toscana. A primeira parada foi no Lago Trasimeno, ainda na região da Umbria, na cidade de Castiglione del Lago. Lá também medieval, murada e com um maravilhoso forte de frente para o lago. Entramos no Palazzio ricamente ornamentado e dali se passa por um corredor, no muro, de mais ou menos uns 200m de comprimento, estreito e baixo, apenas com pequenas aberturas de onde os soldados poderiam atirar (algo...). Adentra-se a fortaleza, de onde se pode subir até os muros mais altos e as torres, de onde se tem uma vista privilegiada de muitos e muitos quilômetros. Aproveitamos ali para comprar um queijo Pecorino e um Tartuffo. Comemos um panino de salsicha (linguiça, e essa era igualzinha a nossa linguiça Blumenau, muito gostosa).
Próxima Parada Montepulciano, uma outra cidade medieval, cercada por muros altos e imponentes, é a cidade mais alta da Toscana, 605m de altitude. Mesmo assim estava muito quente.
A região aqui é bonita mesmo, com muitas vinícolas e outras culturas agrícolas, tornando a paisagem multicolorida.
Seguimos para Montalcino, região do famoso vinho Brunelo de Montalcino, que comprei uma garrafa pequena para tomar com calma em Lucca, a noite. Lá almoçamos, eu pedi um coelho para combinar com a cidade medieval, uma carne de caça me pareceu boa pedida, acertei. A Mi pediu um pici (massa caseira regional). Tomamos uma Birra italiana para acompanhar, pois estava muito quente para tomar um vinho.
Coniglio (coelho), em Montalcino
Siena
Dali fomos para Siena, também no mesmo estilo medieval, murada com imensos portais de entrada. Paramos um pouco na praça central que é em forma de leque, e ocorre o "Palio de Siena" que é uma corrida de cavalos que simboliza a rivalidade entra os 17 "grupos" que representam suas paróquias na cidade. Cada uma tem sua igreja e um brasão exposto em todos os locais. O Duomo também é magnifico, muito adornado com animais, o que nos chamou atenção.
60km dali chegamos a San Gimigniano, veramente bella !!! Medieval, murada e ostentando várias e belíssimas Torres. Numa piazza é possível contar 7 só dando um giro. Também fomos até a fortaleza, de onde pode se ter uma visão fantástica dos campos da Toscana.
Jantamos dentro da cidade, tomamos um vinho local, comemos antipasti variado de frios, Ravioli de nozes e pera, e osso buco (Delicia!!!).
Depois de acordar mais tarde, tomar um café bem legal no hotel em San Gimigniano e aproveitar para escrever o relato do dia anterior, chegamos em Pisa pelas 11h, sem pressa,
(Agora estamos no patio do Hotel em Lucca (um palazzo de 1771) tomando um Brunello de Montalcino e comendo prosciutto, parmeggiano e olive que compramos na cidade. Eta vidinha complicada...)
Pisa nos decepcionou, tirando a Torre Pendente e o complexo ao lado, a cidade é feia, suja e sem graça. Isso me causou uma apreensão pois Lucca fica somente 30km dela, e fiquei com medo que fosse no mesmo estilo. Demos um passeio rápido sob um sol de 37 graus, e depois pegamos estrada.
A estrada para Lucca já nos foi surpreendendo, pois é linda, tem uns trechos onde as árvores formam túneis na estrada, vários, e as villas são muito simpáticas com grandes casarões margeando a estrada.
dezenas de motos na estrada, muitas era bávaras BMW e muitas Ducati, não preciso dizer que me cocei todo.
Quando chegamos mesmo na cidade Lucca pela Via Pisana, já estava na hora de almoçar, quando a Milene viu um restaurante chamado "La Giorgia". Coisas da vida, vir em Lucca e almoçar na Giorgia. Por sinal a pasta foi na escolha da Milene a melhor até agora, e comemos também um coelho frito saborozissimo. O restaurante era bem simples, daqueles familiares e frequentado por moradores do bairro.
Seguimos até o centro e já tivemos a visão da magnifica muralha da cidade antiga, com seus 1500 de história. Demos uma volta ao redor do muro pelo lado de fora, de carro e depois fomos procurar um hotel, isso pelas 15h.
Nem se tivéssemos pesquisado, programado, organizado etc etc teríamos a sorte de encontrar o Villa Pardi. No posto de informação da cidade que pegamos um folder indicando ele.
Um palazzo do ano de 1771, restaurado, com paredes e tetos decorados, jardim, piscina, internet, uma capela do mesmo ano (ainda não restaurada). É uma família que cuida, muitos simpáticos e prestativos.
Lavamos as roupas (vamos ficar aqui uns 2 dias) e depois fomos tomar um banho de piscina, bom demais.
Piazza de la Croce, local onde viveu meu Vô
Primeiro fui conhecer a Via Paladini, rua em homenagem a nossa família. Depois fomos passear na cidade antiga, dentro das muralhas, mas um passeio rápido pois voltaríamos para fazer ele com mais calma. Jantamos lá dentro mesmo.
Sim, rua em homenagem a família
Lucca dentro dos muros
Igreja de San Pietro Somaldi
Piazza dei anfiteatro
Voltamos para o hotel e o patio, comendo, bebendo e escrevendo... Brunello de Montalcino e um Panforte !!!
Não aguentei de ver tanta moto do meu lado, e adiantei um dia o aluguel da moto, pegando para dois dias, uma Ducati Multistrada 1100. As impressões da moto vou colocar mais a frente no meu blog de viagens de moto (pietropaladini.blogspot.com), mas posso dizer que realizei a promessa de andar de Ducati na Itália, mas uma BMW seria melhor.
Fomos de manhã para a cidade dentro dos muros e em primeiro tratamos os detalhes com a locadora, avisando que pegaríamos a moto mais perto do meio dia.
Primeiro fomos a Torre Guinigi, muito alta e com uma bela e grande árvore plantada em seu topo. Dali tiramos fotos de toda a cidade, uma bela visão. Seguimos para conhecer a maior igreja da cidade, San Michele in foro, muito linda mesmo.
Me fez pensar em por que meu Vô saiu dali e lembrar que ele comentou que o motivo foi a guerra. Deve ter sido muito difícil!
Dali já fomos pegar a moto e seguimos para o hotel, para pegar as coisas e fazer um passeio. Fomos até a cidade de Verrucole, que fica em San Romano in Garfagnana. Foram uns 200 km (ida e volta), por pequenas tortuosas e inclinadas estradas. Saímos dos 60m de altitude Lucca para 800m lá em Verrucole. Escolhemos ali por causa de uma fortaleza muito legal, que tinha uma murada enorme com visão diferenciada.
A subida para a fortaleza foi um show a parte, um caminho de mais ou menos uns 50cm de largura feito de pedras (pedregulhos), foi pauleira para subir com garupa na Ducati com motor de 1100cc... bom, graças, deu tudo certo.
Para variar estava muito quente acima dos 35 graus !!! Retornamos pelas 18h bem cansados, mas satisfeitos.
Pelas 20h (ainda de dia) fomos jantar na cidade dentro dos muros, por que fora tudo estava fechado. A cidade simplesmente fica fantasma quando chega esse horário, talvez por ser segunda, vamos ver amanhã. Durante a tarde é normal o comercio fechar até umas 15h, por causa da "siesta".
Um bar bem estilo "happy hour" dos amigos, mas surpreendeu. A Mi pediu um gnocchi quatro formaggio com um vinho branco da casa, eu pedi "pisello com seppia" que achei ser uma massa com lula, e não é, é ervilha com lula, uma combinação fantástica, muito bem feita, nota 10! Tomei uma cerveja Luchese (fabricada em Lucca), da marca Bruton, feita com cereias, parecida com a weisen. òtima!
Não estava programado dois dias com a moto, mas foi tão legal que resolvemos rodar mais um dia. Saímos cedo de Lucca para evitar o calor, mas não resolveu muito, outro dia escaldante, mas igualmente bonito.
Seguimos em direção a Cinque Terre pegando o litoral e costeando para conhecer, depois retornamos pela autostrada que é bem mais rápida. Rodamos cerca de 250km.
La Spezia lembrou Salerno, mas mais bonita, organizada e ampla. Tem uma base militar naval junto, bem legal.
Porto de La Spezia
A Cinque Terre (cinco terras) são Monterosso, Vernazza, Riomaggiore, Corniglia e Manarola, todas nas encostas da Liguria. A foto abaixo mostra uma boa idéia da posição. As estradas são uma atração a parte... imagina uma Serra do Rio do Rastro, mas com o triplo de curvas e trechos onde só se passa um carro. Várias curvas tem aqueles espelhos para se ver se vem algum outro veículo. A inclinação é grande, na moto exigiu um grande esforço físico para se manter na moto.
Não se entra de veiculo nas cidades, até porque não tem ruas, são passagens e escadas de pedra. Surreal !
Isso tudo custo só R$ 50,00. Não é caro assim como falam comer por aqui. Em qualquer lugar na Itália se come bem demais, um exagero de bom !
Tomamos banho no Mar Mediterraneo, na cidade de Monterosso (Cinque Terre)
Cascalho e água muito fria, mas estava ótimo !
Coisa de primeiro mundo: pagamos E23,00 por dois lugares na areia com guarda sol gigante, cadeiras confortabilíssimas, uma casinha particular para se trocar e deixar as coisas, banheiros e chuveiro, isso tudo pelo dia inteiro. Ficamos só umas 2h, mas valeu a pena. Nem o estacionamento pagamos pois o cara era brasileiro e quando viu nossa camisa com a bandeira do Brasil já veio papear.
No inicio achamos que era gelo, depois vimos a placa indicando a cidade de Carrara, então entendemos que se trata das montanhas de Mármore.
Castello Nozzano
Momento Don Paladini
A Ponte della Maddalena (conhecida como Ponte del Diavolo ) atravessa o rio Serchio perto Borgo a Mozzano na província de Lucca. Construida em 1056.
No dia seguinte saímos cedo de Lucca, já com saudades, e seguimos pela rodovia que passamos no primeiro dia de moto. Mas logo tomamos um estrada nova. Mais uma subida, forte com curvas a cada 10m para os dois lados... incrível como se faz curva. Rastro da Serpente (PR) é ficha perto dessas aqui.
Seguimos em direção a Maranello. Fomos visitar o museu da Ferrari. Como já tinham me dito, não se consegue sair dali sem dar uma volta no cavalinho vermelho. São vários oferecendo, e leiloando, até que vale a pena.
Essa é uma F430, mas não tem banco traseiros, então peguei uma California, para a Milene ir junto.
Motor V8 de 460 cv, câmbio de 7 velocidades com controle borboleta ou automatica, muitos botões e telas de controle... 0 a 100 km/h em 4s (eu percebi...), bom estiquei em uns trechos e ela foi facinho até os 180 km/h. Só tem uma coisa a se dizer: PQP é do Kralho !!!
No sul da Itália, essa região é rica demais... só se vê carrão, muitos Porches, de tudo que é tipo. BMW também.
Seguimos para a região do Largo de Garda, belíssimo. Passamos por toda a orla, parando primeiro em Lazise, murada e de frente para o lago. Frequentado por gente de muito dinheiro, visto pelas casas hotéis e carros circulando.
Em Trento, onde paramos para dormir, pegamos as primeiras gotas da viagem, umas sete se contei certo... as outras evaporaram antes de chegar ao chão.
Acordamos com muita saudades das crias. Tudo que presenciamos e amamos aqui, comentamos que faremos novamente com a Giorgia e o Lucca. Quando estiverem maiores e puderem aproveitar bem, voltaremos os quatro para curtir!!! (isso aconteceu logo em 2014... veja o relato aqui)
Aqui na Itália também existem várias "Itálias" completamente diferentes, exatamente como temos no Brasil (nordeste e sul, por exemplo). Roma, Sorrento, Toscana e agora a região dos Alpes, são completamente diferentes.
Na região do Alto Ádige, Veneto e Liguria, os prédios são típicos do estilo Tirol (quem já foi para Treze Tílias, é muito parecido). Nessa região chega a fazer -18 graus no inverno, são áreas de esqui, e foram sede já dos jogos de inverno europeu.
Fomos conhecer as Dolomitas, que são as formações rochosas da região. Formadas por corais mineralizados que se elevaram a 60 milhões de anos. Subimos de teleférico em Canazei, um dos maiores da região, que se pode ver todos os maiores picos (Marmolada é o maior com 3343m). A temperatura na cidade estava uns 20 graus (1700m altitude), e lá em cima devia estar uns 10 graus (2400m).
Lago Misurina
Passamos a cerca de 50 km da Áustria, também bem perto da Eslovênia. No região a maior parte dos carros são desses países vizinhos, que vem fazer turismo por ali.
Muitas motos, muitas mesmo... 90% BMW (todas top), algumas bikes e pouquíssimas custom. As estradas são um convite a moto, pela beleza, o cheiro dos eucaliptos e as paisagens. Dezenas de ciclistas também, eles amam andar de bicicleta por aqui.
Fizemos 360km que demoraram umas 8h para se fazer. Serra do rio do rastro aqui é como a BR101 hehe É muita curva, um exagero, de bom !
Os rios e lagos tem cor verde muito forte, acho que devido a serem água de desgelo, além da limpeza.
Auronzo di Cadore
Espelhos que ajudam a ver se vem algum outro veículo na curva, pois passa apenas um carro.
Castel Madruzzo
Lago de Toblino
Sempre temos que ficar espertos com as coordenadas dados pelo google maps. Eu já tinho me enfiado em "enrascada" na minha primeira viagem de moto com a Milene quando o google me fez entrar numa estrada de terra de uns 20km (Floripa), hoje sempre olho pelo satélite para conferir se existe mesmo asfalto.
Mas a surpresa dessa vez foi diferente: na Itália, mais de 90% das estradas são asfaltadas, eu já tinha conferido que o caminho de Trento para Lago Iseo (Lombardia) era de asfalto, mas o que não imaginava era que passaríamos por um "Passo", uma passagem no topo de um grande monte.
O passo Croce Domini no Monte Bandone, a 1892 metros de altitude, 12 graus, com uma estrada muito peculiar, de asfalto perfeito, mas sem acostamento e com a largura de apenas um carro. O local é um ícone motociclistico na Itália. No trecho todo, uns 20km, passamos por uns três carros somente, no entanto por dezenas de motos, ou melhor, elas nos passaram. A estrada é muito linda, perfeita, só dá medo de vir um outro carro na contramão, pois visibilidade não tem, e naquele trecho não tem os espelhos de ajuda.
Toda essa região é de casas de campo de inverno e estações de ski, muito show.
Lago de Iseo
Milano foi mais uma das belas Itálias que conhecemos. Luxo, é uma boa palavra para descrever a cidade de 4 milhões de habitantes. Carros, motos, lojas, tudo do melhor por lá. É uma cidade enorme, a segunda maior, o transito também. Capital da moda. Filas e filas para entrar em lojas como Gucci, Zara, Lui Viton e outras.
A galeria Vittorio Emanuelle II é outra atração, grandiosa, muito trabalhada e enfeitada.
O Duomo foi o mais bonito que vimos em toda a viagem, toda de mármore. A catedral é imensa, com 157 m de comprimento e 109 m de largura. O interior tem cinco naves com uma altura que chega aos 45 metros, divididas por 40 pilares. A construção do edifício começou em 1386 e demorou cerca de 400 anos para ser concluída. Os detalhes em toda sua estrutura são fantásticos.
O sábado começou cedo, saímos as compras pelos arredores do Duomo. Milene se divertiu. O comércio começa pelas 9h30 ou 10h e o movimento é intenso.
Meio dia voltamos para fazer o check-out e seguir até o aeroporto de Malpensa, que fica a 45km do centro de Milão.
Chegamos no aeroporto pelas 15h30, para pegar o voo de volta as 22h. 12h de viagem e chegamos a SP, uma pausa de 2h e pegamos o avião para Floripa. Pegamos o carro e perto do meio dia estávamos já abraçando as crias, cansados mas felizes por estarmos todos juntos e depois da aventura inesquecível.