De Blumenau SC a São Luiz Gonzaga RS - 780km
Turma reunida às 6h no posto para saída. 05 motociclistas, e depois encontraríamos mais um em Vacaria RS. Os mesmos amigos que fizeram os Alpes europeus em 2019. João, Zé, Rubem, Dieter, Vitor e eu.
Saímos com o tempo meio estranho, temperatura por volta dos 18 graus e nublado, com alguma garoa que depois virou chuva fina. BR 470 sempre o mesmo estresse, movimento, pista ruim. A chuva nos acompanhou até Pouso Redondo SC, depois abriu um belo céu de Atacama que nos acompanhou por praticamente toda a viagem. Uma parada em Lages SC para um café e depois em Vacaria já no RS, onde o amigo Vitor nos esperava no posto com a família, para dali seguir com o grupo.
O amigo Sávio nos acompanhou até Rio do Sul retornando dali.
No roteiro inicial (sempre mudamos) iríamos até São Borja RS, mas o pessoal optou por São Luiz Gonzaga por ter mais estrutura e melhores hotéis. Chegamos por volta das 18h30, já escuro, depois de pegarmos um bom trecho com o sol no olho, que atrapalha muito, tenso. Escolhemos o hotel Cometa, no centro, quartos individuais, simples, mas tudo muito limpo.
Fomos direto jantar em um restaurante bem perto do hotel, demorou um pouco, acho que estávamos cansados demais, normal nos primeiros dias de viagem. Pedimos pizza e acompanhei com um vinho.
até Presidência Roque Saenz Pena AR - 706km
E começa um novo dia, novos desafios… comecei fazendo caca, sai do hotel sem pagar, e ainda levando a chave hahaha (depois fiz um pix, claro).
115km e chegamos até a fronteira São Borja / Santo Tomé. Tudo bem rápido, foi só apresentar a Declaração Jurada Argentina feita pela internet e o passaporte. Aproveitamos e fizemos o cambio ali mesmo nas casas de cambio oficiais. Fizemos uma quantia menor pois o cambio não era tão bom quanto conseguimos depois. Ali foi R$ 1,00 para PA$ 31,00, conseguimos depois 1 para 39.
Paramos já para o primeiro abastecimento argentino em Santo Tomé, que alegria hehe R$ 2,60 o litro!
Aí seguimos pela já conhecida rota da RN14, RN12 e RN16 das grandes retas.
Primeira vez que passo pelo trecho com temperaturas normais, agradáveis. Em 2010 um motorista de caminhão nos mostrou o termômetro que marcava 51 graus, depois em 2017 já no painel de nossa moto marcava 45 graus, mas pegamos por ali entre 20 e 18 graus.
Pegamos chuva também nesse dia, bem forte por sinal, ali na região de Corrientes.
Entramos em Ituzaingó para abastecer e comer algo, debaixo de chuva. O restaurante era bem legal a pedi o primeiro milanesa, de muitos da viagem, amo!
Chegamos no final do dia em Presidência Roque Saenz Pena, mais uma vez já escurecendo. Ficamos no Hotel Aconcagua, bom hotel. Aproveitei para limpar, lavar e pendurar toda a roupa da viagem que estava bem molhada.
Fomos jantar ali por perto, no Restaurante Giusepe e pedi um belo bife de chorizo com papas fritas, acompanhado de vinho. Zé foi o companheiro do vinho da viagem, que acabou sendo a bebida principal para acompanhar e esquentar as noites. Os demais amigos optaram na maioria das vezes por cerveja.
até San Ramon de la nueva Oran AR - 683km
Depois do ritual do café e banheiro, fomos fazer a arrumação das motos. Lá conhecemos o Marcos, um boliviano que mora na Argentina (DJ), fala português perfeito (sem nunca ter feito curso), com um conhecimento e memória invejável de muitos locais que já viajou. Rodou por muitos lugares no Brasil, conhecia tudo de nosso caminho e nos deu ótimas dicas.
Nos encontramos com um grupo, que o João já vinha fazendo contato, onde dois deles dali seguiriam para o Alaska, atravessando a América Central. Seguimos juntos com o grupo até Joaquin Victor Gonzalez, fizemos uma parada para nos despedimos e desejar uma ótima viagem ao grupo, e subimos em direção norte.
Boliviano Marcos
Chegando em San Ramon de la Nueva Oran fomos procurar um hotel, encontramos o Hotel Alto Verde, outro bom hotel. Depois de alojados fomos ao centro para comer algo, não conseguimos nada de interessante, eu fui de hambúrguer tipo BK.
Bem ruim o local e as opções, mas não posso generalizar da cidade, acontece que fomos antes das 20h, com pressa para descansar e acordar cedo, pois no dia seguinte teríamos fronteira (e outras encrencas que nem sabíamos).
Os argentinos são bem noturnos, os restaurantes bons abrem depois das 20h e vão até muito tarde com movimento.
até Entre Rios BO - 443km
Bermejo
Saímos cedo e teimosamente fugindo do roteiro, fomos para o passo Bermejo que poderia ser um caminho mais rápido até Tarija, na Bolivia, que era nosso destino final do dia. Chegando lá verificamos que estava fechado para veículos (conforme alguns locais já tinham nos avisado) pois a ponte estava em obras.
Salvador Mazza
Voltamos 50km e seguimos para o passo Salvador Mazza, que já era o do roteiro.
2h30 de fronteira! Ainda foi rápido pois uma funcionária nos viu e acelerou a passagem do grupo. Enquanto esperávamos um boliviano com a família (trabalha para a ONU) nos deu a notícia que teríamos 45km de terra no caminho... por essa não esperava!
A entrada na Bolivia me lembrou muito quando entrei no Peru em 2013, bem precária. Primeiro fizemos um cambio por ali mesmo, mas optei por não fazer muito, não gosto muito de fazer cambio logo na fronteira, costuma não ter taxas boas. Depois paramos em Yacuiba para comer algo em um restaurante local, muito gostoso, sopa de mani (amendoim) com frango, depois uma lentinha com carne, sensacional! 30 bolivianos foi a conta (R$ 21).
O garçom Milton reforçou sobre o trecho de terra e que era para passarmos naquele dia, pois no outro haveria obras e desvio que poderia ser pior. Pior, duvido…
Saímos já umas 14h e depois de um trecho lindo de pista concretada subindo a serra, veio a terra, com chuva. Primeiro um trecho muito bom, a terra nem sujava o pneu, me lembrou o tal de asfalto ecológico que está na moda por aqui. Até ali nenhum susto.
Depois veio o barro, estresse, cuecas sujas, motos caídas…
Eu, Vitor e Rubem adoramos a região e resolvemos comprar um lote cada, meninos espertos.
Saímos da terra já às 18h escurecendo, para variar… seguimos procurando um lugar para dormir nos poblados adiante e nada. Rodamos umas 2h a noite por serra, estrada com muitas curvas e alguns buracos, e chegamos até Entre Rios BO.
Encontramos um hotel bem legal, bonito, familiar, mesmo sendo simples, Plaza Hotel. A Ana Beatriz, que cuida do hotel, nos serviu um café que foi nosso jantar. Mais uma vez aproveitei para colocar as roupas pra lavar e deixar secando.
Uma situação chata é que a Bolivia exige que todo dia seja informado nosso paradeiro. Para isso temos que entrar em um link do gobierno e informar o hotel e até foto da fachada, todo dia… antiturismo né!
até Tarija BO - 85km
De manhã acordamos cedo, antes mesmo do café, e eu fui dar uma volta na praça em frente e no quarteirão para ver o dia a dia dos bolivianos dali. Novamente me lembrou muito o Peru. Depois fui saber que isso tinha uma razão, tudo por ali pertencia a região do Alto Peru.
Antes de pegar a estrada passamos numa lavação de carros e pedimos para darem um lava-jato nas meninas, pois estavam sujas demais (lama).
Seguimos até Tarija que foram só 85km por um caminho maravilhoso por serras verdes de um lado e depois do topo do Paso El Condor (4000m) penhascos de rocha.
cabide de capacetes
Chegamos antes das 15h, paramos no centro para procurar um hotel e fomos até o maravilhoso Hotel Los Parrales, um 5 estrelas (com preço de 3 estrelas no Brasil).
Esse pegamos quartos duplos, que eram muito gigantes e confortáveis. Enquanto aguardávamos os quartos serem liberados aproveitamos para reservar um passeio até as bodegas e almoçar ali no hotel mesmo.
Eu pedi um Silpancho e tomamos cerveja nesse almoço.
Pelas 16h a agência @airosatourstarija com a alegre guia Patricia vieram nos pegar de van no hotel.
Visitamos a bodega Barbacana, a Khulmann, uma mais colonial a Casa Vieja e por fim uma casa de produtos da região a Bodega del Ramon do sr. Ramiro que nos contou sobre a produção dos seus presuntos, e até nos levou para ver sua reserva, na sua casa.
Retornamos ao hotel e comemos umas charcutarias que compramos na bodega, queijos, vinho e o pessoal pediu uma sopa do restaurante. Outra noite bem dormida.
até Sucre BO - 504km
Paramos para fazer o primeiro abastecimento na Bolívia na saída de Tarija. Tem que ser em um posto que tenha o sistema para cadastro de estrangeiros, eles pegam a placa e o documento e depois abastecem com valor diferenciado, mais caro que o deles, e depois dão um comprovante. A gasolina ali saiu por volta de R$ 6,20.
Pegamos um bom movimento na saída até passar os poblados ali perto, mas depois melhorou e fluiu bem. 500km de muitas curvas, principalmente os primeiros 100km.
Estradas perfeitas, altitude (chegamos a 4350m), paisagens sensacionais, céu azul com temperatura boa (frio, 15 graus) e bom asfalto.
No caminho paramos na estrada onde vendiam damascos em natura e secos (bem artesanal). Mais a frente outra parada, agora para comer outras frutas e pão com sardinha em pequeno poblado, pitoresco...
Figo da índia
A passagem por Potosi foi complicada, muito trânsito, poluição excessiva. Não existe controle de poluição dos veículos, a frota é muito velha e descarrega uma fumaça preta horrorosa. Muito difícil de respirar ainda mais na altitude (acima dos 4000m).
Logo depois de Potosi, percebi algo muito diferente, em uma baixada perto de um rio a temperatura abruptamente subiu para uns 26 graus, creio que um bolsão térmico, quem sabe até o rio era termal.
A entrada em Sucre foi tensa, movimento grande pois era exatamente final de tarde. O Hotel era no centro, indicação de um local que nos abordou quando paramos para ver hotéis, muito atencioso o rapaz. Um dos mais legais da viagem, se trata de um hotel que foi prédio histórico, Parador Santa María La Real. Uma verdadeira viagem no tempo, grandes salões todo decorados com muita madeira, obras de arte, pátios aberto e fechado e um terraço maravilhoso com bar e vista de toda a cidade, com direito a por do sol.
Também por sugestão do local, o mesmo que indicou o hotel, fomos jantar no Restaurante Berlin. Bem no centro, perto do hotel, mas nada de especial, meio barulhento demais para os velinhos motociclistas cansados.
O primeiro dia da viagem sem motocar, descanso e turismo.
Primeiro fomos fazer mais câmbio, no banco nacional da Bolivia. Até foi rápido o atendimento, mas o sistema ainda é bem antigo, entrada de dados complicada, impressora matricial, cameras vigiando os colaboradores etc. Quase perdi US$ 1mil! Esqueci no balcão secundário do banco enquanto arrumava os comprovantes, voltei quase 10 minutos depois e estava no mesmo lugar, mesmo com outra pessoa sendo atendida no local, Sorte do dia!!!
Na praça central, Plaza 25 de Mayo, pegamos um ônibus que leva direto ao parque cretáceo. Muito interessante o local, vale mesmo a visita.
São centenas de pegadas de dinossauros que andaram por ali em um lago de lama.
No retorno já meio da tarde fomos comer algo, eu comi Picante de Lengua, estava bem saboroso. A comida Boliviana muito me agradou, simples e bem feita, temperos no ponto certo, misturas interessantes.
Acho que pela altitude (Sucre fica a 2800 m.a.n.m), nesse dia estava com uma dor de cabeça bem chata, então voltei para o hotel e descansei por uma horinha, santo remédio!
Fomos ver o por do sol no terraço, lindo, que vista!
Antes do jantar fomos fazer um passeio pela plaza e alguns outros pontos. Foi bem na hora que as crianças saiam das escolas, me chamou a atenção a alegria, educação, todos uniformizados e muitos acompanhados de seus pais, sem qualquer vergonha de caminhar de mão dada. Perdemos um pouco disso por aqui…
Jantamos no terraço do hotel, com uma noite enluarada. Fui de sanduíche de lomo e vinho.
Luiz Pedro, dono do hotel, nos encontrou e chamou para mostrar umas salas do prédio. Contou que é cônsul da Espanha há 20 anos, muito entusiasmado nos mostrou os ambientes lindos que outrora foram o Departamento da Justiça da Região Alto Peru, antes de ser Bolívia.
até Uyuni BO - 357km
Depois de um ótimo café da manhã em um salão sensacional, novo dia de pilotagem nas altitudes bolivianas, passando novamente por Potosi, mas dessa vez estava menos movimento e um pouco mais tranquilo. Passamos bem pelo centro da cidade e ao lado do grande Potosi. Considerando toda a história da cidade, me decepcionou. Potosi no século 17 foi tão rica e populosa quanto Paris, devido a exploração de prata no Cerro Rico.
Perto do meio dia paramos em um poblado chamado Agua de Castilla e procuramos algum “comedor” (restaurante). Acho que era o único, mas foi bem legal. A senhora serviu uma sopa e depois uma milanesa com arroz e molho de carne e também chuño, uma batata desidratada que eles usam muito, particularmente não gostei, mas comi. Não me lembro ao certo quanto ela cobrou, mas era tão pouco que dei o dobro, e valeu.
Continuamos pelas alturas, inclusive por ali tem muitas lhamas. As casas são basicamente de tijolo de adobe, muito simples, parecem muitas vezes até abandonadas.
Paisagens e mais paisagens de quadro… lindo demais!
Chegamos no Hotel Kachi de Uyuni por volta das 16h30 e já agendamos para o mesmo dia ir ver o pôr do sol no salar. O hotel foi bem pensado, mas um tanto mal executado, o acabamento das coisas foi mal feito, mas mesmo assim podemos dizer ser uma boa opção por lá.
Nos arrumamos e logo chegou o carro para nos levar. O guia foi muito simpático e o passeio sensacional.
Demos sorte de ainda ter espelho d’água no salar, o que não esperávamos pela data. É surreal! As imagens vão expressar melhor.
Depois que caiu o sol a temperatura despencou junto, -5 graus.
Retornamos para o hotel e muito cansados resolvemos não jantar, pois lá no salar comemos uns salgadinhos e tomamos vinho.
até Humahuaca AR - 450km
Dia complicado, enroscado…
Fomos cedo preparar as motos, estava bem frio, até gelo tinha formado na mala da moto. Uma das motos começou a apresentar problemas de bateria (que continuou a viagem toda), precisamos fazer uma chupeta e aproveitamos a caminhonete do dono do hotel. Um dos colegas até tinha um powerbank de partida rápida, mas não funcionou no frio intenso, em locais mais quentes resolveu.
Resolvemos ir visitar o cemitério dos trens antes de sair do Uyuni, e no caminho um dos colegas (o mesmo do problema da bateria) foi na frente por um caminho que os demais não quiseram ir (pelos trilhos), acabamos nos desencontrando e seguimos sem ele. Nosso acordo é que quando houvesse desencontro era para tocar até o destino.
Pegamos a estrada, trechos com bastante curvas e demorados, mas muito bonitos.
Outro colega resolveu ir um pouco a frente e se desgarrou também, passou direto por Tupiza onde paramos para comer algo. Já no restaurante conseguimos contato com o Zé (que perdemos no Uyuni) e já se encontrava na Fronteira Bolívia Argentina.
Ele avisou que precisava imprimir a declaração jurada argentina, não servia digital, então aproveitamos enquanto os pedidos eram preparados e fomos até uma Lan House para fazer as impressões.
Continuamos até a fronteira Villazón/La Quiaca, onde encontramos o segundo desgarrado, o Rubem.
A fronteira me decepcionou pois achei que fosse maior, mais organizada e integrada, e não era. Foi um pouco mais rápido essa fronteira, mas mesmo assim levou 1 hora e meia.
Ao atravessar aproveitamos para abastecer e também fizemos câmbio dos bolivianos que sobraram para pesos argentinos. Já com o sol caindo pegamos a estrada até Humahuaca onde chegamos já noite, por volta das 19h. Demoramos um pouco para encontrar um hotel e fomos por indicação ao Hostería Camino del Inca.
Agilizamos e fomos jantar num restaurante bem legal, além da boa comida teve banda local, bem agradável.
Apaguei e só acordei com o despertador.
até Termas do Rio Hondo - 550km
Como de costume saímos o mais cedo possível de manhã. Nossa rotina era sempre fazer o café da manhã no primeiro horário, depois entre 1h/1h30 partindo.
Estava 2 graus cedinho, depois subiu para uns 5 graus. Encontramos com o desgarrado Zé no posto de Tilcara uns 50km a frente.
O dia rendeu bem, boas estradas, tempo bom.
Almoçamos em um dos postos YPF e pedi lomo com purê, simples e bom.
Chegamos às 17h no Hotel de Las Artes, no centro. Fomos logo para um banho na piscina termal para relaxar, ficamos um bom tempo por ali.
A dona do hotel é também dona do Restaurante La casa de Rubem, um dos melhores avaliados pelo tripadvisor, e ela também fez cambio dolar/peso para nós.
O jantar foi realmente diferenciado, eu pedi chivito ao molho e tomei um malbec muito gostoso.
Depois ainda fizemos câmbio real/peso com o simpático casal Victor e Mirta.
Fomos dormir mais tarde nesse dia, já pelas 23h30.
até La Rioja - 508km
Saímos às 9h e fomos até o famoso motódromo do Circuito de Moto GP.
Quando estávamos fazendo umas fotos, chegou uma excursão da melhor idade, e fomos literalmente atacados por eles. Sentavam nas motos, faziam poses, pediam para tirarmos fotos com eles, uma bagunça, bem divertido.
Estrada boa, passamos ao lado da chuva que não nos alcançou e seguimos. Num poblado, La Merced, paramos para uma simpática pousada que também servia almoço. Pedi um gostoso milanesa napolitana.
No caminho fizemos uma parada para comer algumas laranjas, local bem simples que tinha um zoo junto hehe cachorros, gatos e até perus. Os dois rapazes que atendiam lá nos indicaram um caminho diferente, mais bonito, mesmo sendo mais longo, topamos.
O caminho alternativo era por Aimogasta, sensacional.
No abastecimento no posto peguei uma poça de óleo e a moto tombou, parada, na frente da bomba… mais um terreno na Argentina agora.
Chegamos 18h em La Rioja e fomos direto ao centro onde lembrava ter um bom hotel, mas infelizmente estava lotado.
Nos indicaram o segundo melhor… PQP, pior hotel, velho, surrado, sujo, atendimento horrível. Para provar que o que está ruim sempre pode piorar, o jantar também foi o pior da viagem, carne ojo de bife requentado, duro e sem gosto.
Cama, medo de pulgas...
até Mendoza - 602km
Pegamos estrada as 8h30 e estava bastante frio, uns 80km depois de sairmos, um pouco antes de Patquía parei para colocar mais uma segunda pele e avisei o grupo que seguisse, mas aí teve uma bifurcação e os GPS indicavam caminhos diferentes.
Lá fui eu sozinho… o que é bem legal também. Conferi a autonomia pelo caminho que estava e vi que não daria, voltei e no posto aproveitei para abastecer e mandar mensagem ao grupo avisando que seguiria.
Caminho sensacional de longas retas sem movimento algum, piloto no 140 km/h e avante….
No poblado de Media Agua, parei para abastecimento e comer alguma coisa. Só tinha o Plato del Dia, lasanha. Pensei que ia complicar, comida pesada e horas pilotando não costuma combinar, mas a lasanha era com massa de panqueca, de vegetais e molho de carne, uma delícia, e leve.
onde está a moto???
Parei na estrada 50km antes de Mendoza, na RN40 para esperar o pessoal, uns 40min. Dali seguimos juntos.
Trecho de asfalto ruim, raspado e com muitas ondulações, o que fez demorar o deslocamento.
Fomos direto para o hotel já mapeado, Hotel Mod, sensacional, um dos melhores da viagem.
Depois de tomar um bom banho e de organizar as coisas, fomos andar na praça e procurar um restaurante legal. O escolhido foi o Bardot, muito bom, comi um ternera 7h as ervas e tomei um Septima Obra Malbec.
Quando voltamos ao hotel estava tendo um ensaio de uma orquestra de Jazz em um dos salões, fomos lá acompanhar. Eles curtiram o público brasileiro.
Dia de turistar por Mendoza! Por minha sugestão, como já tínhamos visitado vinícolas em Tarija, sugeri visitarmos uma Olivícola e que no caso também produz Aceto Balsâmico (Milan), a Laur. Agendamos a van para meio da tarde.
Fomos antes fazer um passeio de ônibus, daqueles de dois andares, turístico. Foi ótimo, tem algumas paradas em lugares lindos, e serviu para termos uma ideia geral da cidade.
Comemos um Mc Donalds no caminho de volta para não perdermos o horário da van.
16h a van chegou e nos levou até a Laur, são 25km do centro. Além do caminho lindo, a olivícola é de primeira, bonita, bem organizada e de produtos de primeira.
Quando voltamos fomos jantar algo e descansar para o dia seguinte.
até Las Leñas - 400km
Que dia!
No café da manhã Rubem informou que precisava voltar para Blumenau, o Dieter foi também para acompanhar. Fizeram falta no restante da viagem.
Depois do ótimo café da manhã, saímos perto das 8h30 para a estrada. O roteiro era seguir pela Ruta 40 até Chos Malal.
Caraca, que frio... apesar da temperatura chegar até só 6 graus, parecia muito mais. Tivemos que parar e colocar mais roupas para nos aquecer.
Em certo ponto da Ruta 40 uma placa indicava Malargue, diferente da rota do GPS, mesmo assim entramos. Em seguida o mapa do GPS sumiu e a estrada seguia cada vez mais maravilhosa. A vista de um vulcão, creio que o Vulcão Diamante estava maravilhosa.
Numa parada fomos cercados por vários passarinhos, atrevidos, vinham pegar a comida literalmente na mão, e pousavam nas motos com toda tranquilidade de quem tem certeza de jamais seriam atormentados.
Paramos em Malargue para abastecer e comer algo, eram 12h30. Uns motociclistas da cidade estavam por ali e nos passaram informações, que dali 60km iniciava um ripio de 90km, e que não estava muito bom, então teríamos que diminuir bastante a velocidade. Como Chos Malal ainda estava 350 km à frente achamos prudente, e interessante, ficar pela região que é belíssima. Resolvemos voltar um pouco até Las Leñas, uma estação famosa de ski, onde ao fundo tinham montanhas nevadas, sempre é bom.
No caminho, pegamos um vento como poucas vezes peguei, patagônicos mesmo, de ser necessário corrigir o curso da moto a cada metro.
A ruta depois de sairmos da R40 é sensacional com muitas curvas e paisagens únicas, uma serra com as montanhas ao fundo. Nublado, frio, em seguida uma garoa, e chegando Neve!
Só tinha um hotel aberto, pois ainda está fora de temporada, hotel Aquário, muito bom, e barato (6mil pesos, atuais R$150) quarto duplo (mas nos deram um para cada).
Como chegamos cedo, 15h30, aproveitei que nevava para fazer uma video chamada com a família e depois fui curtir a vista na recepção, fazer backup das fotos da viagem e escrever esse texto...
Mais tarde fomos dar uma volta congelante na vila, uma passada no mercadinho e depois voltamos para jantar no hotel mesmo.
Bandiola de cerdo com batatas e um malbec, bem gostoso.
Depois um banho na banheira e cama, sensacional
Essa é a planta chamada Las Lenas
até Chos Malal - 420km
Continuando o projeto de criogenia começamos o dia pilotando a 0 grau, sem vento ao menos. Muito cuidado na pista com medo do tal Gelo Negro, que era bem provável. Em um único momento senti a roda traseira deslizar em uma faixa, mas só isso.
Paramos para abastecer em Malargue e coloquei por precaução 2 litros de gasolina no galão, o Zé também. As outras duas motos eram adventures.
Foram 90km de asfalto até logo depois de Bardas Blancas e aí começou o ripio. Esvaziamos 10 libras de cada pneu e seguimos pelos 83 km de ripio, com muitas paradas pra fotos. 2h30 pra atravessar, sem nenhum susto, cuecas preservadas.
Essa ruta é cheia de vulcões, um mais lindo que o outro.
Depois em Buta Relquim paramos em um poblado pra comer, Adelar bateu na porta de uma parada que estava aparentemente fechada, mas abriu para nós.
A Francisca nos atendeu, Vicente o marido peronista que falou bastante e o cão gigante Simão Bolivar.
Foi servido uma parrillada com morcilla, chorizo e matambre. Estava bom, mas fomos explorados, convertendo deu R$ 75 cada, bem fora do normal. Ah, a morcilla era da marca Paladini ;)
Chegamos em Chos Malal as 18h, escurecendo. Fomos direto para o hotel Terra Malal, que gostamos demais. Depois de organizar as coisas e tomar um banho fomos jantar num restaurante chamado Salon. Pedimos pizza e tomamos cerveja.
até San Martin de Los Andes - 470km
Começamos bem o dia… fomos abastecer e eu e o Vitor paramos numa gomeria para calibrar corretamente nossos pneus. Quando voltamos os bonitos tinham nos esquecido… Seguimos pela ruta 40 e paramos no mirante de entrada da cidade para fotos. O Vitor gostou tanto da região que também resolveu garantir um lote por ali. Tudo de pé novamente, continuamos até um pouco mais a frente onde os dois apressadinhos nos esperavam.
Essa foto merece uma olhada melhor. O vazado é o desenho das Ilhas Malvinas, que os Argentinos não engolem ter perdido para os britânicos. A direita as montanhas nevadas, a esquerda o Vitor e a cordilheira.
Paramos para abastecer e tomar um café em Las Lajas, o dia estava muito, muito frio.
Lá por La Rincónada, perto do Parque Lanin, já era possível ver ao longe o Vólcan Lanin, maravilhoso, exuberante. Por ali paramos um pouco e consegui tirar uma foto de uma curiosa raposa.
Depois paramos em Junin de Los Andes, numas barracas de comida, deliciosas empanadas. Muitos cães enormes e brincalhões ali.
Raposa espreitando...
Empanadas de cervo
Paramos no centro de San Martin de Los Andes e começamos a procurar hotel. O primeiro muito simples, aí fomos no mais top da cidade, por sorte não funcionariam no domingo pois fariam uma manutenção na caldeira, aí nos indicaram um apart hotel que foi o escolhido, o Apart Amonite.
Piscina aquecida, saunas, apartamento com duas suites, sala e cozinha, tudo ótimo!
Teve até uma Chefa que foi verificar se tudo estava certo com o pessoal.
Essa cidade é especial, minha segunda visita nela e certamente não foi a última, adoro lá.
A "Chefa" como é conhecida no hotel
O rapaz da recepção, Fernando, morou no Brasil, nos indicou um restaurante e quando chegamos vi que era o mesmo que já tinha ido em 2017, realmente boa indicação, Parrilla Patagonia Piscis.
Não poderia deixar de comer o cordeiro patagônico acompanhado de um bom vinho.
Turistamos por San Martin…
Frio forte, andamos um monte pelas ruas agradáveis da cidade, depois pegamos o ônibus espetacular inglês, de 1956, que faz um tour pela cidade com uma guia contando toda a história.
A noite fizemos um bom lanche no apartamento, com frios e queijos, ovos e vinho.
até Picún Leufú - 450km
O bicho pegou… quando pegamos a estrada estava frio, mas nada perto do que chegou quando começamos a subir pelo caminho do Ruta de los Siete Lagos. 5 negativos! e com sol e um lindo céu azul. De novo o medo de pegar o gelo negro era grande, pois ali era uma área úmida, com vários trechos de sombra. O gelo no acostamento da pista era visível, branquinho. A pista principal não congelou pois passou um caminhão jogando água salina no asfalto. E o frio pegando forte.
Só fica a dica que sempre depois de pegar um trecho onde eles jogam sal, lavar muito bem a moto toda depois. Não fizemos isso, e descobrimos que o sal é bem complicado para muitos materiais da moto.
Paramos na Villa La Angostura para tomar um café e comer uma torta de ricota.
Quando chegamos na saída da RN40 para Bariloche pegamos a esquerda e seguimos pela R237 margeando o Rio Limay, com paisagens cênicas.
No caminho passamos por um motociclista argentino com uma moto 250cc que depois nos encontrou no posto em Piedra del Águila, o mesmo posto que em 2017 na viagem à Patagônia me reencontrei com o grupo depois de nos desencontrarmos em Neuquén, também tivemos um incidente quando uma local subiu em uma das motos para tirar foto e deixou cair em cima da outra ao lado que caiu na porta de um carro estacionado, perdemos naquele dia umas 3h com aquela situação.
O motociclista Marcos é de Córdoba, e costuma viajar sozinho. Ele nos acompanhou até Picún Leufú onde procuramos um hotel para todos pernoitarem. Bem simples mas tudo muito limpinho e organizado, Hosteria Tu Mensaje.
Depois de instalados fomos comer algo em um restaurante perto, também simples, mas bem gostoso.
até Eduardo Castex - 787km
Depois de tomar o mais simples dos cafés da manhã, uma caneca de café e duas medialunas, e nos despedirmos do Marcos, partimos com um frio bem intenso. E olha que achávamos que mais ali pra cima o frio iria começar a dar uma trégua, inocentes…
7 negativos foi o que encontramos logo de saída, e o dia também estava lindo. Tivemos um complicado sol na cara por um bom tempo, pois estávamos pilotando em direção ao nascer do sol. Precisei parar e colocar um aquecedor por debaixo das luvas (muito bom, comprei na decathlon).
Seguimos com temperaturas negativas até perto do meio dia, nada fácil.
Tivemos um acontecimento bem desagradável que só fiquei sabendo a noite, numas das paradas de abastecimento o Adelar foi ver uma caminhonete velha que estava com vários cães na caçamba, bem maltratados, um infelizmente morto. Provavelmente seriam todos abandonados pela região. Aquilo deixou o Adelar bem mal, mas mesmo assim tomou partido e a noite fez uma denuncia on line em um órgão competente.
Estradas planas, retões e sem movimento algum, fizeram render o dia. Chegamos até Eduardo Castex já na região de La Pampa.
Optamos pelo hotel Cristal que vimos no booking, fica logo ao lado da estrada, conveniente.
Jantamos no hotel mesmo, eu um milanesa acompanhado de cerveja.
até Villaguay - 810km
Na saída Adelar foi até um posto da PRF Argentina para afirmar a denúncia de maus tratos, deixou fotos e relato para os oficiais também tentarem algo.
Enquanto isso, seguimos em frente para ele nos alcançar.
Mais uma vez não esperávamos o intenso frio, e ainda dessa vez foram 2h de cerração, então com umidade. 3 negativos, resultado foi que até a roupa literalmente congelou, parabrisa e muito mais ficou com uma camada de gelo grudado.
O Adelar acabou pegando outra ruta na saída e foi nos encontrar só no destino final dia. Eu na última parada de abastecimento pedi ao grupo que iria mais a frente pois não queria pegar a estrada de noite.
Nos encontramos todos ao mesmo tempo na entrada do hotel, o Hotel de Las Liebres, bem bom. Suerte! pois era nossa última noite na Argentina.
O Jantar também foi caprichado, num restaurante próximo, uma quantidade absurda a comida que nos serviram, e bem gostosa, e vinho Malbec, claro.
A cidade é bem agradável, prédios do início do século bem cuidados.
As regiões da Argentina são muito diferentes entre si, clima, geografia, culturas… por ser também um dos maiores países do mundo, lembra muito o Brasil nessa característica, tipo a diferença entre Sul e Nordeste, dois mundo completamente diferentes.
até Ijuí RS - 775km
Dia tranquilo, de boas estradas, Ruta 14, longas retas, baixo movimento.
Paramos em Santo Tomé já na fronteira, para fazer um último abastecimento com preços 3x menor que o nosso (devido ao câmbio) e fomos para a tranquila travessia da aduana.
Aí vem as vergonhosas estradas gaúchas (e catarinenses), que vergonha, que estresse.
Chegamos a noite em Ijuí conforme programado.
O hotel já era conhecido do Adelar e do Vitor, bonzinho, e também tinha restaurante anexo. Jantamos e fomos deitar pois o último dia sempre é o mais complicado, a ansiedade pode atrapalhar.
Final de viagem sempre faltam fotos hehe
até Blumenau - 670km
Café bem cedo e estrada às 7h30.
A turma foi ficando pelo caminho, Adelar seguiu para Chapecó, Vitor ficou em Vacaria e Zé em Rio do sul.
Eu cheguei em Blumenau às 17h certo de que a BR470 é a pior estrada do planeta.