Mas por que eu fiz isso? Primeiro, porque eu quis, hehe.
Nasci no PR, morei em MG, PE, SP e, há 32 anos, estou residindo em SC. Me considero blumenauense e catarinense! Sou apaixonado por viajar; viajar de moto é ainda melhor. Assim surgiu o projeto Abraçando SC, uma forma de homenagear essa linda terra que me acolheu com tanto carinho.
Estou muito feliz, sensação de missão cumprida!
Faltando 33 cidades para visitar no extremo oeste catarinense, me programei para fazer uma viagem de 5 dias, sendo dois só de deslocamento, pois de Blumenau até o oeste são cerca de 500km.
Aguardei uma janela perfeita de tempo para ir, após uma entrada de frente fria, tempo seco e bem fresquinho, bem mesmo hehe
Saí na segunda, 6h da matina, estava 6 graus em Blu. Resolvi não pegar a estressante BR470, e fui por "cima", subindo a linda BR477 e depois pegando a BR280, inclusive com um trecho da BR153 (que corta o Brasil de norte a Sul). Em Dr. Pedrinho, a temperatura chegou a 1 grau! depois ficou em torno de 3 graus, não estava fácil, mas fui preparado, então toquei.
Porto União SC
Prefeitura de Porto união
Não canso de dizer que nossa SC é linda demais.
Em Abelardo Luz peguei um desvio por terra até Ipuaçu, uns 12km, e depois cheguei na primeira parada do roteiro (520km desde o início do dia), foi o município de Entre Rios. Entre Rios, Marema e Lajeado Grande já entraram no roteiro outras duas vezes, mas não consegui visitar por motivos diversos. Dessa vez foi. A maior parte das cidades do Oeste são bem pequenas, para se ter uma ideia, das 118 cidades, 70 tem menos de 5 mil habitantes.
Entre Rios tem cerca de 3mil habitantes e 4 ruas principais, então foi rápida a passagem. Depois já segui para Marema, por 20km de terra. Nesse caminho fica uma grande reserva indígena a Xapecó, deve ser por esse motivo o trecho não ser asfaltado. Marema, ainda menor, 2mil habitantes, 3,5 ruas principais... O nome tem duas versões, Maremma que é uma região da Itália, e Marrecas (por causa das quantidade de marrecas da região).
Entre Rios
Marema
A próxima cidade foi Lajeado Grande, que pelo nome achei ser maior, mas não, menor. 1400 habitantes. Finalizei os municípios do dia ali, já 16h30 e queria ainda adiantar estrada até perto do escurecer.
Segui para o sul em direção a BR282, chegando em Xaxim. Procurei no centro algum hotel que me agrada-se mas não encontrei.
Então lembrei o Acaci, um hotel grande que fica na BR, e fui pra lá.
Por ser segunda, pouca coisa aberta, então pedi um lanche do Nenos (que não era dos melhores). Bora descansar que o dia seguinte era puxado.
Novo dia, depois do café (muito bom), um pouco antes das 8h já estava pegando a BR282 sentido oeste.
Menos frio que no dia anterior, estava 8 graus na saída.
A primeira parada, 90km a frente foi Cunha Porã.
Fundada em 1958 com 11mil habitantes, e sendo de origem alemã é bem organizada.
Curiosidade: a maior parte dos "novos" municípios de SC foram fundados em três fases, 1948, entre 1953 e 1965, e depois entre 1988 e 1995, datas que coincidem com as constituições, que meio que obrigaram, ou facilitaram, a criação dos novos municípios (e cargos etc).
Maravilha tem 26mil habitantes e também foi fundada em 1958. A origem do nome não tem muita criatividade, diz-se que quem chegava e via a região dizia: que Maravilha... pois é.
Iraceminha, 4mil habitantes, fundada em 1989.
Flor do sertão, 1600 habitantes, fundada em 1995, me chamou atenção o cuidado da cidade, muito agradável. O nome vem do ipê amarelo encontrada na região, símbolo da cidade.
Romelândia, 4800 habitantes, fundada em 1963, o nome vem de um dos fundadores, Romeu.
Maravilha
Iraceminha
Flor do Sertão
Romelândia
Primeiro perrengue do dia... de Romelândia para São Miguel da Boa Vista é estrada de terra, até aí tudo bem, inclusive porque as estradas por lá só de terra com muita pedra bem compactada, de cair obturação, mas sem buracos. O problema que tinha uma interdição e um desvio, ah o desvio... quase uma trilha, subidas e descidas, no meio do nada, tenso, mas foi tudo de boa. Sorte ser somente uns 6km, 10km no total entre as cidades. Bom é que a temperatura estava bem agradável, uns 15 graus, que fica bem melhor para pilotar.
São Miguel da Boa Vista, 1900 habitantes, fundada em 1992. Logo na chegada parei em um pequeno restaurante, da D. Ceres, uma palestrante nata. Comida bem simples, mas muito bem feita, daquelas de casa mesmo.
Depois de bater muito papo, fui ver a rua principal, acho que a única. Destaque para a igreja toda em madeira.
Para Tigrinhos, outro trecho de 5km de terra, bem tranquilo. Tigrinhos, inhos, inhos, 1800 habitantes, fundação 1995. Curiosidade é que 1700 são adultos e o nome vem realmente de muitas onças da região.
São Miguel da Boa Vista
Tigrinhos
Santa Terezinha do Progresso
Santa Terezinha do Progresso, fundada em 1995 com 2700 habitantes. Para agilizar o dia, fui por terra para Anchieta. Anchieta tem 6mil habitantes, fundada em 1963, o nome é homenagem ao Padre José de Anchieta.
Palma Sola, apesar do tamanho, 8mil habitantes, fundada em 1861, tem uma história interessante, e bem mais antiga. Tem relação com a independência do Uruguai (1830) e com a guerra do Uruguai (1867), e veja que está bem longinho.
Anchieta
Palma Sola
Dionísio Cerqueira já conhecia, inclusive passei de moto em 2010 quando fui ao Atacama pela primeira vez, mas não tinha registrado. Fica no extremo oeste norte, fronteira com o estado do Paraná (Barracão) e com a Argentina (Bernardo de Irigoyen). Mas como toda cidade fronteira, algo não é legal, se tem tá escondido. Pelo meu roteiro inicial, ali seria minha pernoite, já era perto das 17h, e resolvi tocar mais pra frente e encontrar outro lugar para dormir.
Barracão PR
Segui para o sul e parei primeiro em Guarujá do Sul, que tem 5mil habitantes. Muito simples, sem atrativo nenhum, não me agradou ficar por lá. Mais a frente parei em São José do Cedro, maiorzinha, com 14mil habitantes.
Parei no posto na entrada da cidade, abasteci e aproveitei para perguntar de hotel. Me indicaram o Cedro Palace, bem ao lado da pista. Hotel mais antigo, administração caseira, mas tudo bem limpo, e preço bom.
Jantei no hotel mesmo, por sinal um filé parmegiana muito saboroso, acompanhado de uma cerveja. A noite foi tranquila.
Como acabei dormindo cedo, acordei mais cedo, e depois do café peguei a estrada 7h30. Primeira parada foi em Princesa, uns 15km da fronteira com a Argentina, colonização alemã (as crianças aprendem alemão antes do português lá), tem menos de 3mil habitantes. A origem do nome do município é o relato de João Maria de Lara, um caboclo que dizia ter visões de uma princesa na copa de um pinheiro. No caminho até lá fui surpreendido por uma fazendo com lhamas e avestruzes!
Princesa
Guaraciaba
Barra Bonita
Segui para Guaraciaba, que quer dizer "lugar ao sol" e nome também dado ao beija-flor pelos índios. 11mil habitantes com fundação em 1961.
Barra Bonita, 1700 habitantes e fundada em 1995, uma das menores cidades do roteiro e de SC.
São Miguel do Oeste foi uma grata surpresa. A maior das cidades visitadas nesse roteiro, tem 40mil habitantes e foi fundada em 1953. Cidade muito estruturada, bem organizada.
São Miguel do Oeste
Paraiso
Paraiso, apesar de ter quase 4mil habitantes, o centro da cidade parece de uma cidade muito menor.
Já conhecia ali pois passei em 2016 de carro, indo para o Atacama com a Milene, Giorgia e Lucca, quando atravessei para a Argentina pelo pouco conhecido Paso Rosales.
Bandeirante, com 2800 habitantes, recebeu esta denominação por influência do modo de colonização usado pela colonizadora em dispor bandeiras nas áreas de instalação.
Seguimos para Descanso, nesse caso o município Descanso. Com cerca de 9mil habitantes, um centrinho bem modesto. O nome Descanso, segundo a versão oficial, é originário da passagem da Coluna Prestes e seu descanso à beira do Rio Macaco Branco, que cruza o centro da cidade.
Belmonte, que pelo nome indica os belos montes da região, tem também história com a passagem da Coluna Prestes. Com 2800 habitantes, de origem polonesa vinda do RS, é principalmente rural, como a maioria da região.
Bandeirante
Belmonte
Descanso
Continuando pela SC 496 o próximo município foi Santa Helena, com 2300 habitantes e fundada em 1992.
Mais a frente Tunápolis, com quase 5mil habitantes, apesar de fundada em 1989, teve inicio em 1950 com a venda de lotes para descendentes de alemães gaúchos.
O nome vem de Tunas, um tipo de cactos (figo da índia).
Tunápolis
Tunápolis
Ao sair o GPS me mandou por uma estrada de terra, uma a mais não fez diferença, uns 8 km só. Mais uns 15km ao sul e cheguei em Itapiranga.
O último extremo Oeste de SC, Dionísio Cerqueira ao norte Itapiranga ao sul. Também de colonização predominante alemã (e muitos italianos), é uma tríplice fronteira (RS e Argentina). O limite é o exuberante Rio Uruguai. Em 1926, a Cia Volksverein colonizou a região com descendentes alemães católicos do RS. É o berço da Oktoberfest do Brasil, que iniciou em 1978.
Ali pertinho, uns 10km rio abaixo, fico o magnífico Salto do Yucumã (também salto del Moconá), a maio queda longitudinal do mundo, com 1800 metros, e profundidade média de 110m. Mas pela internet tem uma câmera ao vivo do local que mostrava estar completamente cheio de água, um rio. Então não valia a pena visitar.
Itapiranga
Itapiranga
Itapiranga
Pneu dianteiro apontado para casa, começo o retorno. São João do Oeste, desse roteiro foi a cidade mais alemã, me surpreendeu, muito bonita e organizada. Com cerca de 6500 habitantes tem várias construções em estilo alemão. O cartão postal é a igreja toda em madeira, considerada a maior da América Latina desse estilo.
Iporã do Oeste tem quase 9mil habitantes. Fica 430km de Iporã PR. A origem do nome é tupi e significa Rio Bonito. Além das águas a abundância de árvores de valia comercial trouxeram os descendentes de alemães e italianos para a região.
Iporã do Oeste
Iporã do Oeste
Seguindo a leste, Mondaí se encontra as beiras do Rio Uruguai também, conhecida como a Capital da Fruta.
Nos canteiros centrais e nas ruas secundárias foram plantadas, em vez de árvores ornamentais, árvores frutíferas, são caminhos imensos de laranjais, jabuticabeiras, coqueiros, pessegueiros e outros.
Cidade maior, com 12mil habitantes e fundada na década de 50. Como outras cidades ali da região possui águas termais, minerais, hidrominerais ou sulfurosas.
Mondaí
Na sequência, Riqueza, que me desculpem os moradores mas o nome não condiz com a cidade, falta muito cuidado nela. Tem quase 5mil habitantes.
Caibi, um pouco maior com 6500 habitantes e fundada na década de 60, bem mais organizada.
Riqueza
Caibi
E aí, Palmitos a cidade de número 295 dos meus roteiros, a última cidade a ser visitada e registrada no projeto Abraçando SC!
Com quase 17mil habitantes, também fundada na década de 50, é bem bonita.
Faz parte do Vale das Águas com suas águas termais.
Agora pude dizer que comecei o retorno... mas ainda quis passar em três cidades para registrar melhor, pois na outras vezes não ficaram legais. Águas de Chapecó, Fraiburgo e Lebon Régis. Por isso acabei até mudando a rota normal de volta.
Águas de Chapecó foi logo ali do lado, também parte do Vale das Águas e banhada pelo Rio Chapecó, bem pertinho da junção com o Rio Uruguai.
Já perto das 17h, toquei pela BR282 até Xanxerê novamente, mas dessa vez fiquei no hotel Seville logo na entrada. Do lado tinha uma hamburgueria e foi lá que jantei.
Nesse dia acabei fazendo 19 municípios, na minha programação inicial coloquei para fazer em 2 dias. Mas o tempo ajuda demais, apesar de escurecer mais cedo, a temperatura agradável favorece e torna tranquilo, diferente do verão que fica insuportável e cansativo demais.
No outro dia de manhã continuei pela BR282 até Catanduvas, depois desviei sentido Fraiburgo. No caminho aproveitei para fazer registro de outros pontos das cidades que já tinha passado.
De Fraiburgo fui para Lebon Régis e depois peguei a BR116 sentido norte até Papanduva. Ali fiquei de molho isn 40 minutos em um trecho em obra... depois peguei a agradável SC477. Além da beleza do caminho é um trajeto com bem menos movimento de caminhões.
Cheguei em casa perto das 17h, ufa!!!
Lebon Régis
Luzerna
Prefeitura de Ibicaré
Moema, Itaiópolis